O silêncio virtual nos ambientes de aprendizagem: pensando alto sobre a questão.
(Ney Mourão)*
Na Era da Informação, cada vez mais é importante que as pessoas sejam dotadas da competência para se expressar. Falar em público, manifestar a sua opinião, interagir com os demais membros da comunidade tem-se tornado, cada dia mais, uma exigência comum nas organizações que aprendem.
Quando se fala em interação, no entanto, surge um fantasma, que costuma assombrar os castelos, tanto de profissionais, quanto de alunos como de educadores, principalmente quando se fala em Educação a Distância, ambientes colaborativos, fóruns de interação.
Por que muitos atores sociais assumem o papel de personagens pouco falantes, quase nada escreventes ou aparentemente omissos, quando deveriam co-operar, com o diálogo, com os demais participantes, em um curso ou atividade de aperfeiçoamento?Por que muitos indivíduos com reconhecido talento, ao lidarem com um fórum de discussão, uma lista temática ou uma sala de aula virtual preferem tornarem-se membros de uma obscura “turma do fundão”? Qual seria a causa do silêncio virtual?Tenho algumas suposições. Longe de qualquer experimentação científica, elas são frutos da observação cuidadosa das pessoas, de suas relações, de seus modos de viver e de aprender. Arrisco-me, aqui, a esboçar algumas dessas suspeitas.
1. Dificuldade de expressão - Principalmente porque manifestar-se exige correção na escrita, clareza, coerência, coesão. Como professor de Produção textual, sei como muitos alunos encaram isso como um verdadeiro pesadelo.
2. Ausência de motivação com o tema em questão - Não havendo a obrigatoriedade, e se o tema não desperta, de fato, interesse, não há motivo para a manifestação. Eu talvez jamais me manifestasse sobre o último jogo entre Cruzeiro e Atlético. Não gosto de futebol e não é um tema sobre o qual eu me moveria.
3. Desinformação sobre o assunto em pauta - No exemplo que acabei de citar, acima, se vocês começarem a discutir sobre as últimas aquisições do Cruzeiro ou do Atlético, ou seja lá de que raio de time que for, é bastante provável que eu não tecle uma vírgula. É claro que, se eu for obrigado a isso, amanhã terei que comprar um jornal, emergencialmente, e ler o caderno de Esportes. Mesmo assim, haverá que ser computado o tempo de silêncio, entre a minha busca, a minha pesquisa, a minha “digestão” (ou “indigestão”) do tema.
4. Postura agressiva perante a tutoria - Sim!!!! Alguém já ouviu dizer que o contrário do amor é a indiferença? Um tutor que gere sentimentos de não-empatia, de ausência de simpatia ou de antipatia, por motivos diversos, em um determinado aprendiz, pode gerar nele uma sensação de indiferença, de rancor que, por não poder se tornar manifesto, transforma-se em silêncio latente, consciente ou inconsciente. Nada muito diferente do campo presencial. Alunos extremamente calados podem estar buscando agredir o professor com seu silêncio. Ou apenas se preservarem de uma relação interpessoal conflituosa. Calado, evito aborrecimentos, pode pensar o aprendiz. Bem-vindos ao campo freudiano!!!
5. Ausência de competência técnica para lidar com o ambiente - Em alguns casos, há aprendizes que vão “fuçando” por fora, observando, aprendendo primeiro, antes de mostrar-se. Há, aí, o medo da exposição, o medo de assumir que não sabe lidar com a ferramenta.
6. Medo da não-pertinência - É o medo que advém quando o aprendiz percebe-se um “estranho no ninho”. Um técnico, em meio a acadêmicos, por exemplo. Um poeta, no meio de matemáticos. Um leigo, no meio de professores de renome. Um leigo,em meio a especialistas em determinado tema. Com receio do ridículo, do fazer feio, alguns aprendizes podem preferir se calar.
7. Temperamento natural - Ora, bolas. Se no mundo presencial há pessoas que não são muito mesmo de falar, porque no campo virtual elas são obrigadas a engolir as pílulas que a boneca Emília engoliu e tornarem-se uma "torneirinha de asneiras”, como descreveu Monteiro Lobato? Eu, por exemplo, teria dificuldades em ficar “calado”. Se eu me calar, podem apostar que há algum problema humano ou técnico (risos). Mas o oposto é real: há seres mais ouvintes do que falantes. Há, inclusive, profissionais pagos para apenas ouvirem - que o digam (ou não digam…) os psicanalistas gestálticos! Por enquanto é isso. Em matéria de silêncio, creio que já falei por demais! Quem concordar, que grite em uníssono. Quem discordar, que fale ainda mais alto!
Quando se fala em interação, no entanto, surge um fantasma, que costuma assombrar os castelos, tanto de profissionais, quanto de alunos como de educadores, principalmente quando se fala em Educação a Distância, ambientes colaborativos, fóruns de interação.
Por que muitos atores sociais assumem o papel de personagens pouco falantes, quase nada escreventes ou aparentemente omissos, quando deveriam co-operar, com o diálogo, com os demais participantes, em um curso ou atividade de aperfeiçoamento?Por que muitos indivíduos com reconhecido talento, ao lidarem com um fórum de discussão, uma lista temática ou uma sala de aula virtual preferem tornarem-se membros de uma obscura “turma do fundão”? Qual seria a causa do silêncio virtual?Tenho algumas suposições. Longe de qualquer experimentação científica, elas são frutos da observação cuidadosa das pessoas, de suas relações, de seus modos de viver e de aprender. Arrisco-me, aqui, a esboçar algumas dessas suspeitas.
1. Dificuldade de expressão - Principalmente porque manifestar-se exige correção na escrita, clareza, coerência, coesão. Como professor de Produção textual, sei como muitos alunos encaram isso como um verdadeiro pesadelo.
2. Ausência de motivação com o tema em questão - Não havendo a obrigatoriedade, e se o tema não desperta, de fato, interesse, não há motivo para a manifestação. Eu talvez jamais me manifestasse sobre o último jogo entre Cruzeiro e Atlético. Não gosto de futebol e não é um tema sobre o qual eu me moveria.
3. Desinformação sobre o assunto em pauta - No exemplo que acabei de citar, acima, se vocês começarem a discutir sobre as últimas aquisições do Cruzeiro ou do Atlético, ou seja lá de que raio de time que for, é bastante provável que eu não tecle uma vírgula. É claro que, se eu for obrigado a isso, amanhã terei que comprar um jornal, emergencialmente, e ler o caderno de Esportes. Mesmo assim, haverá que ser computado o tempo de silêncio, entre a minha busca, a minha pesquisa, a minha “digestão” (ou “indigestão”) do tema.
4. Postura agressiva perante a tutoria - Sim!!!! Alguém já ouviu dizer que o contrário do amor é a indiferença? Um tutor que gere sentimentos de não-empatia, de ausência de simpatia ou de antipatia, por motivos diversos, em um determinado aprendiz, pode gerar nele uma sensação de indiferença, de rancor que, por não poder se tornar manifesto, transforma-se em silêncio latente, consciente ou inconsciente. Nada muito diferente do campo presencial. Alunos extremamente calados podem estar buscando agredir o professor com seu silêncio. Ou apenas se preservarem de uma relação interpessoal conflituosa. Calado, evito aborrecimentos, pode pensar o aprendiz. Bem-vindos ao campo freudiano!!!
5. Ausência de competência técnica para lidar com o ambiente - Em alguns casos, há aprendizes que vão “fuçando” por fora, observando, aprendendo primeiro, antes de mostrar-se. Há, aí, o medo da exposição, o medo de assumir que não sabe lidar com a ferramenta.
6. Medo da não-pertinência - É o medo que advém quando o aprendiz percebe-se um “estranho no ninho”. Um técnico, em meio a acadêmicos, por exemplo. Um poeta, no meio de matemáticos. Um leigo, no meio de professores de renome. Um leigo,em meio a especialistas em determinado tema. Com receio do ridículo, do fazer feio, alguns aprendizes podem preferir se calar.
7. Temperamento natural - Ora, bolas. Se no mundo presencial há pessoas que não são muito mesmo de falar, porque no campo virtual elas são obrigadas a engolir as pílulas que a boneca Emília engoliu e tornarem-se uma "torneirinha de asneiras”, como descreveu Monteiro Lobato? Eu, por exemplo, teria dificuldades em ficar “calado”. Se eu me calar, podem apostar que há algum problema humano ou técnico (risos). Mas o oposto é real: há seres mais ouvintes do que falantes. Há, inclusive, profissionais pagos para apenas ouvirem - que o digam (ou não digam…) os psicanalistas gestálticos! Por enquanto é isso. Em matéria de silêncio, creio que já falei por demais! Quem concordar, que grite em uníssono. Quem discordar, que fale ainda mais alto!
* (Ney Mourão, tutor em cursos de Educação a Distância, costuma defender a idéia de que mais vale falar pouco e bem do que muito e pelos cotovelos - tanto no aprendizado virtual quanto no presencial!)
Considero válida esta reflexão, o autor me desculpa, mas perdi a fonte.
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